A Inconfidente
Nascida em Prados, em 1748, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo foi a única mulher a participar de forma efetiva da conjuração mineira – o primeiro movimento anticolonial ocorrido no Brasil.
De personalidade forte, destemida e possuidora de grande intelectualidade, Hipólita ousou sair da esfera doméstica e reivindicou seu lugar de fala no meio político. Com isso, foi personagem de grande importância na Conjuração Mineira, ao colaborar para a comunicação entre os inconfidentes, além de financiar algumas das ações do movimento (já que detinha grande riqueza) e disponibilizar sua residência, a Fazenda Ponta do Morro, para encontros e reuniões dos mesmos.
Foi de sua autoria a carta dando notícia da prisão de Tiradentes e orientando os conjurados a iniciar o levante militar. Também escreveu vários avisos sigilosos, dentre os quais alertava seus companheiros sobre o fracasso do movimento e aconselhava o coronel Francisco de Paula Freire de Andrade a “montar uma reação, lá a partir do Serro”. E foi enfática: “quem não é capaz para as coisas, não se mete nelas”.
Infelizmente, apesar de seu grande esforço e disposição em resistir, a rebelião foi debelada e todos os líderes da conjuração foram presos, inclusive seu marido.
Hipólita não foi presa, mas o governo das minas da época, mandou apreender todos os seus bens. Esse fato mostra que a o governo reconhecia a presença dela na inconfidência só não era dito em público. Afinal, uma mulher coordenar uma revolta desse porte, era inadmissível (humilhante).
Vida pessoal
Ela fazia parte da elite de Vila Rica. Era filha de Clara Maria de Melo e Pedro Teixeira de Carvalho – grande fazendeiro da época. Diferentemente das mulheres do século XVIII, não se casou “nova”, conforme o costume (a regra) da época.
Seu matrimônio com Francisco Antônio de Oliveira Lopes ocorreu quando ela tinha 33 anos. Lopes foi oficial no Regimento de Cavalaria de Minas e deixou o regimento para casar-se com Hipólita e virar fazendeiro. As más línguas da época dizem que ele era tolo, mas, na verdade, acredita-se que essa característica lhe foi atribuída justamente por sua esposa ser quem foi, a inconfidente Hipólita Jacinta Teixeira de Melo.
Os dois não tiveram filhos, mas Hipólita adotou o bebê recém-nascido da irmã mais nova de Bárbara Eliodora, a Maria Inácia. A moça teve um filho muito nova e, para evitar escândalo, os familiares não quiseram assumir a criança. Neste contexto, como Bárbara e Hipólita eram amigas, provavelmente combinaram a adoção.
A inconfidente possuía uma fazenda, chamada Ponta do Morro, na qual a moça explorava cada pedacinho. Tinha plantações, cultivava espécies de plantas que encontrava na mata e andava a cavalo em todos os cantos, era uma boa amazonas. O tempo passou e o nome de Hipólita foi esquecido. Não há registros de como era sua fisionomia. Ela foi apagada da nossa história.
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