Exposições

Patamar da escadaria do Museu da Inconfidência (Foto: Aldo Araújo)

Exposição de Longa Duração – Concepção Geral

A atual estrutura da exposição de longa duração apresenta a Inconfidência relacionada com Ouro Preto, permitindo, ainda, uma nova leitura da vida social, política e artística mineira dos séculos XVIII e XIX. A museografia contratada ficou a cargo do especialista francês Pierre Catel.

O primeiro piso apresenta a infraestrutura da cidade, das origens até o período imperial. Objetos de construção civil, meios de transporte, mineração, aspectos da vida social e do movimento político da Inconfidência documentam a evolução de um agrupamento humano que iria pensar a independência brasileira. Já o segundo piso revela a superestrutura da criação artística, colocando em evidência a importância da Igreja.

A primeira etapa do projeto de modernização do Inconfidência foi concluída em agosto de 2006, quando o Museu reabriu suas portas. Três anos depois, a instituição finalizou todo o processo, com a inauguração da iluminação externa da antiga Casa de Câmara e Cadeia, da Loja e Café e de um Cineclube. A reformulação recebeu incentivo do Ministério da Cultura, patrocínios da Caixa Econômica Federal, Petrobras, Acesita, Companhia Brasileira de Metalurgia, Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social e ajuda financeira do banqueiro Aloysio Faria.

Em 2018, a loja e o café foram temporariamente desativados para se adequar às normativas do governo. Por sua vez, o auditório ampliou sua utilização a partir de convênio firmado com a Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, que realiza sessões diárias de cinema junto à comunidade, compartilhando o espaço físico na realização de eventos como palestras, workshops, seminários, etc.

Sala da Inconfidência expõe forca de Tiradentes (Foto: Aldo Araújo)


Projeto museográfico 2006

A exposição de longa duração do Museu da Inconfidência, montada quando da inauguração do órgão em 1944, ficou intocável até 2006. No ano anterior, teve início o projeto de sua modernização, com incentivo do Ministério da Cultura, patrocínios da Caixa Econômica Federal, Petrobras, Acesita, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social e de ajuda financeira particular do banqueiro Aloysio Faria. O projeto museográfico, com nova linguagem, foi de modo a promover a interação do espectador com o acervo, possibilitando nova abordagem da vida social, política e artística das Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX.

A estrutura geral da mostra se encontra dividida em dois lances coincidindo com os dois pavimentos do prédio. Na parte inferior está exposta a infraestrutura da evolução econômica, social e política de Vila Rica, com a Sala das Origens, em que são abordados desde os primórdios da ocupação do território dos índios goitacases e sobre a evolução da Vila, por meio da apresentação da tipicidade das construções urbanas, meios de transporte, a atividade mineradora, o movimento político da Inconfidência, equipamentos de rua e de casa produzidos pela sociedade do século XIX, até o surgimento da cidade imperial, já com o país independente. Na parte superior, tem lugar o estudo da superestrutura resultante dessa base social revelada. Um grande painel é apresentado, mostrando como se impôs e evoluiu a religião católica, a arte sacra produzida em decorrência dela, a talha, a escultura e a pintura erudita e popular, o mobiliário, a música.

A novidade mais importante do projeto foi a inclusão da Sala da Mineração no circuito, eliminando um vício de origem que o comprometia com o ideário integralista, por influência do historiador Gustavo Barroso, figura de grande influência cultural no período. A mineração, fundamento maior da conspiração de Vila Rica, não chegou sequer a ser referida na primeira exposição. Sem mostrar a realidade da exploração do ouro, não se podia fazer a contextualização das personalidades envolvidas na Inconfidência. Os heróis trazidos da África foram recolhidos ao Panteão na condição de entidades supra reais, abstratas e idealizadas, de acordo com o receituário fascista.

É preciso chamar a atenção também para outro aspecto fundamental do novo projeto, que procurou ir fundo na análise do movimento político, estudado a partir do entendimento de Vila Rica como a grande indutora das ideias que inspiraram o sonho da independência. Apresentando, através de várias salas, o núcleo urbano em evolução na colônia, surge o grande salão, numa mudança de perspectiva, sugerindo o mundo novo que estava surgindo para nós e poderia ter chegado naquela época, caso a conspiração tivesse alcançado êxito. O espaço percorrido inicialmente é de sombra – da dominação colonial, da contra-reforma, do claro-escuro barroco, do cerceamento das liberdades individuais, do trabalho escravo – e o salto que a partir dali se empreende é para ingresso no ambiente de pura claridade do Iluminismo, com as ideias democráticas dos pensadores da Enciclopédia que fizeram a defesa dos direitos individuais, tornando possível ao homem se converter em formulador do seu próprio destino. O espaço desse último salão foi trabalhado inclusive pela escolha da cor ambiente. O branco trepou pelas paredes, revestiu as janelas, subiu pelas altas estruturas de dois painéis, que formando um corredor, conduz até o Panteão dos Inconfidentes.

Panteão dos Inconfidentes (Foto: Aldo Araújo)

Planta 1˚ Piso

Império
Esta sala mostra Ouro Preto após a Proclamação da Independência. Elevada à categoria de Imperial Cidade, ela já era o centro administrativo, político e cultural de Minas Gerais. Prensa para gravuras, livros e jornais, a partitura do Hino da Independência, gambiarra para iluminação pública e quadros de D. Pedro I e D. Pedro II retratam o clima da época em que estavam chegando a estrada de ferro e o telejornal, surgiam a Escola de Farmácia, a Escola de Minas, o Colégio Mineiro, o Arquivo Público Mineiro e a fábrica de tecido.

Vida Social
Elementos da vida cotidiana nos séculos XVIII e XIX estão presentes nessa sala. Vestimentas, objetos de pedra sabão, pratos, talheres, testemunhos dos ofícios femininos e masculinos e dos ambientes doméstico e social. As peças revelam o apego às demonstrações de prestígio por parte da elite colonial. Requinte na maneira de vestir, no mobiliário e nos serviços de mesa.

Origens
Espaço que sintetiza aspectos fundamentais da evolução de Vila Rica, incluindo o processo de ocupação e uso do território – representado pelos Marcos de Sesmaria – e a evolução do núcleo urbano. Na sala encontram-se elementos representativos dos bandeirantes e da descoberta do ouro, além de sinais de ocupação indígena. A Coroa portuguesa aparece representada por retratos e armas. Símbolos do poder municipal são exemplificados por urna eleitoral, escrivaninha e vara.

Construção Civil
Elementos da construção urbana de Vila Rica, a partir de 1740, podem ser vistos nesta sala. Peanhas, telhas de barro e em faiança, tijolos em adobe, alcatruzes. Os instrumentos de trabalho nessa área são exemplificados por moitão, trena e plaina.

Transportes
Objetos de montaria (estribo, caçamba, chicote e freio), de transporte (arcas e liteira), armas brancas e de fogo, contextualizam as condições de deslocamento pelas estradas e trilhas do século VXIII. Equipamentos e atividades ligadas ao transporte, alvos de furto por parte de salteadores, eram fiscalizados pela Coroa. O requinte de esporas, selas e arreios, dentre outros elementos, indicavam a condição social do passageiro.

Sala Transportes no primeiro piso do museu (Foto: Aldo Araújo)

Mineração
Esta sala contextualiza o período que antecedeu a Inconfidência Mineira, destacando a exploração desenfreada do ouro, o sacrifício do trabalho negro e a cobrança exagerada de impostos. Neste local, maquetes ilustrativas dos processos de mineração praticados em Vila Rica, instrumentos para pesagem, coleta e separação do ouro, objetos de suplício de escravos, dentre outros, são expostos.

Inconfidência
A claridade da sala, acentuada pelos painéis que monumentalizam a entrada do Panteão dos Inconfidentes, remete o visitante ao Século das luzes, ao Iluminismo. No período, trabalhada pelo movimento enciclopedista, a humanidade forjava o mundo novo que seria implantado pela Revolução Francesa. O local guarda objetos pertencentes aos envolvidos direta ou indiretamente no movimento e documentos originais, os restos mortais de Maria Dorotéia e uma lápide em homenagem a Bárbara Heliodora. Destaque para o volume dos Autos de Devassa com a sentença contra Tiradentes e as traves da forca em que o mesmo foi executado.

Panteão
O Panteão dos Inconfidentes foi inaugurado em 1942 para consagrar a ação cívica aos participantes da Inconfidência Mineira. No espaço, uma placa central registra o nome de todos os envolvidos no movimento.

Em 21 de abril de 2011, ossadas identificadas dos inconfidentes Domingos Vidal de Barbosa, João Dias da Mota e José de Resende Costa foram sepultadas no Panteão, em solenidade oficial. Com os despojos, passaram-se a 16 inconfidentes identificados. Outros 10 têm paradeiro desconhecido. O sepultamento foi autorizado depois que as ossadas foram oficialmente identificadas pela Faculdade de Odontologia da Unicamp, em Piracicaba, SP, o que exigiu anos de estudos e uma parceria entre história e ciência. Desde 1980, o Museu da Inconfidência realizava pesquisas históricas sobre o caso. Os estudos científicos foram realizados por equipe da Unicamp chefiada pelo professor Eduardo Daruge, doutor em odontologia legal. Com apoio de cientistas britânicos, o grupo recriou o rosto de José Resende da Costa, que era capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da Vila de São João e fazendeiro em Arraial da Laje, hoje chamado Resende Costa, MG.

Solitária
Localizada no pátio interno do prédio.

Sentença de Tiradentes exposta na Sala Inconfidência (Foto: Aldo Araújo)

Planta 2˚ Piso     

Pintura e Escultura
Dois momentos da pintura cristã estão representados neste ambiente. Os retratos dos apóstolos e as pinturas eruditas de maior rigor a óleo sobre madeira, Estigmatização de São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo. Dois conjuntos escultóricos sobressaem. As imagens em pedra sabão, de autor desconhecido da região de Furquim, em Mariana, que assinava apenas L.C. e as peças de marfim de Goa, nitidamente de fatura portuguesa. O Mestre Piranga está presente também com uma escultura de Santa Bárbara e um Cristo de roca.

Arte e Religião
Objetos religiosos, como missais, livros, altar, crucificados, castiçais, anjos, retábulo e partituras, dentre outros, retratam a importância da Igreja e da religiosidade na ocupação do Novo Mundo e, particularmente, para a evolução artística de Ouro Preto. A coleção reforça a referência barroca nas representações que a sociedade fazia de si e do mundo, presente nas formas de morar, vestir, rezar e morrer.

Triunfo Eucarístico
Para festejar o traslado do Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário até a matriz de Nossa Senhora do Pilar, que acabava de ser reformada, foi realizada, em 1733, em Vila Rica, a Procissão do Triunfo Eucarístico. Na sala, objetos processionais registram o evento que explicitou todo o poderio da Igreja e do Estado, por meio de um discurso de exaltação da riqueza.

Associações Leigas

Oratórios
Esses objetos de culto foram a marca de um período em que a vivência da religião se tornou mais intimista, reforçada pelo Concílio de Trento (1545 – 1563). Seguindo a orientação da Igreja, os fiéis buscavam maior aproximação com Cristo, incluindo o culto dos santos e das relíquias. Multiplicaram-se os oratórios que, posteriormente foram sendo adaptados para outras funções de interesse da comunidade. Instalados nos cômodos da casa, marcavam presença em batalhas, viagens, peregrinações e compareciam em hospitais.

Pastor ajoelhado, obra de Aleijadinho, pode ser apreciado no segundo piso do circuito expositivo (Foto: Aldo Araújo)

Aleijadinho
Espaço destinado com exclusividade a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. A obra do artista, de caráter universal, acha-se ao mesmo tempo inserida na cultura regional. Filho do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma escrava, nasceu em Vila Rica, no século XVIII. Autodidata, sobressaiu-se nas artes da escultura, talha e arquitetura. Por volta dos 40 anos, passou a sofrer de doença degenerativa. A perda progressiva dos movimentos das pernas e das mãos o levou a trabalhar com os instrumentos atados ao corpo. Na sala, acha-se reunido um significativo acervo. Documentos e riscos a ele atribuídos, imagem de São Jorge, São Lucas, São João Evangelista, São Marcos e São Mateus, Cristo Flagelado, Anjo Tocheiro, Retábulo procedente de Santa Quitéria, poltrona do palácio do arcebispo Domingos da Encarnação Pontével, e uma réplica em gesso do Profeta Daniel, do conjunto escultórico de Congonhas do Campo.

Mobiliário I
Peças representativas do mobiliário mineiro dos séculos XVIII e XIX estão presentes nesse espaço. Cadeiras, camas, leitos, móveis de repouso, arcas, armários, prataria, dentre outras. Em destaque, a exuberância decorativa das peças, que nas mãos dos artistas mineiros, ganharam expressão renovada a partir de modelos europeus.

Mobiliário II
Nesta sala, prepondera, nos móveis, o estilo D. Maria I, como a grande cama de dossel com a arca, os sofás e cadeiras que com ela formam um conjunto. Nela são encontrados objetos como a caixa de noiva, livros, utensílios de uso feminino, uma imagem de N. S. da Conceição, de Francisco Xavier das Conchas, quadros a óleo de D. Pedro II e D. Teresa Cristina, de autoria de François René Moreaux.

Athaíde
Importante artista do barroco mineiro, Manuel da Costa Athaide nasceu em Mariana, tendo exercido grande influência sobre os pintores da região. Em seu trabalho nota-se a grande presença da religiosidade, além das cores e dos tipos humanos característicos da região. Ele inovou ao introduzir figuras mestiças na representação de personagens bíblicos. Na exposição, ao lado de quadros de sua autoria – N. Sra. Do Carmo e São Simão Stock, Passo da Via Crucis e São Marcos Evangelista, Santo Agostinho de Hipona e São Jerônimo – são apresentadas pinturas de outros autores que comprovam a qualidade da arte produzida na época.

‘Via Sacra’ de Manoel Costa Athaíde, exposta no segundo piso do museu (Foto: Aldo Araújo)

Sala Manoel da Costa Athaíde
A Galeria do museu realiza exposições de curta duração há mais de 30 anos, contemplando artistas contemporâneos e/ou temáticas históricas, tornando-se ponto de referência cultural na cidade ao longo de décadas de funcionamento.

Exposições de curta duração
A Galeria de exposições de curta duração abriga mostras de temáticas diferenciadas e acompanha parte da programação dos principais eventos de Ouro Preto.

Os projetos curatoriais são desenvolvidos para atender o planejamento anual, que prevê cerca de 6 exposições por ano.

Exposições Itinerantes
O museu realiza algumas exposições itinerantes com instituições parceiras a exemplo do Iphan, da Estação Central/Metrô de BH, Museu Regional de Caeté, UFOP, Prefeitura Municipal de Ouro Preto, entre outras.

Exposições Virtuais
As exposições virtuais deverão ter início em 2020, com o suporte da plataforma Tainacan lançada em dezembro de 2019.